Foi em Setembro que te conheci. Não
sei o dia ao certo, talvez tenha sido dia 20 ou 27. Parece que foi ontem que te vi, pela primeira
vez, a correr destrambelhado como te é típico, em direcção a mim – e já
passaram dois anos. Podia escrever um livro sobre essa noite: a timidez
inicial, a falta de assunto para conversar, a curiosidade em conhecer-te mas, principalmente,
a falta de noção de que, um dia, ias ser para mim o que és hoje. Sabia lá eu
que íamos acabar neste estado. Seria impossível adivinhar que, nos meses que se
seguiram, deixou se fazer sentido falarmos ao telemóvel menos que uma vez por
dia, ou estarmos juntos menos que três vezes por semana. Nunca imaginei passar
tardes de mãos dadas contigo em jardins, a devorar gelados em pleno Inverno e a
apreciar a tua companhia na simplicidade de beijos roubados na bochecha, mais
inocentes e receosos que miúdos. E que, passados apenas oito meses desse
Setembro podias parar o meu mundo por segundos, com o toque doce dos teus lábios
nos meus, e depois da tua língua enrolada na minha, do meu corpo aconchegado do
calor do teu. Como é que posso explicar-te que, a partir dessa noite, vivi
completamente embriagada nos meus sentimentos por ti, no que de novo me davas
todos os dias? Tão embriagada que quando me entreguei totalmente ao teu corpo,
cega de amor, não via imperfeições nenhumas em ti? E que nas noites que se
seguiram, em que nos amávamos como se não houvesse amanhã, não conseguia
acreditar no que me às vezes me dizias, entre beijos “não te apaixones por mim,
vou magoar-te”? Como é que te explico que tal embriaguez de sentimentos me fez
ter uma esperança em ti mais poderosa do que a que tenho em mim? E hoje estamos
assim, quase ultrapassados, quase acabados, quase estranhos. Um quase que dói
mais que fogo. Mas lembro-me como se fosse ontem. Que foi em Setembro que te
conheci.
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