30 de dezembro de 2013

«No outro dia enquanto mudava os lençóis da minha cama lembrei-me de ti. Lembrei-me de ti porque vi um fio dos teus cabelos que teimava em incrustar-se no tecido. Há dois meses que não mudava fosse o que fosse neste quarto. Tinha medo de mudar-te. Tinha medo de mudar-te de lugar. Tinha medo. Mesmo sabendo que já não estás. Mesmo sabendo que já não te importas. Mesmo sabendo que não sei o que é feito de ti. Tinha medo. Mudava os lençóis e o meu coração saltava uma batida. Mudava a mesinha de cabeceira e o meu coração saltava uma batida. Guardava as nossas fotografias e o resto dos destroços da nossa relação e tu teimavas em fazer o meu coração saltar uma batida.

Nesse dia, ao falar com uma amiga, confessava-lhe:

-Namorar com ela era como andar numa montanha-russa...

De sorriso disfarçado entre as expressões de tristeza e indiferença que todos evidenciamos nestas alturas. Ela olhava-me com ternura e repreensão. Dizia-me:

- Não sabes se lhe hás-de fazer o luto, ou correr-lhe novamente para os braços.

E na verdade não sabia. Continuo sem saber. Quando julgo que te esqueço, apareces-me à frente e volta tudo à estaca zero. Tens a mania de te deixar ficar no meu peito. Tens a mania de te demorar a sair. Tens a mania de me incomodar. Namorar contigo era como andar numa montanha-russa. Era excitante, eufórico, vertiginoso e apavorante. Não namorar contigo obriga-me a ressacar por ti. De maneira que não sei o que será melhor. Não sei se te faça o luto e te enterre debaixo de sete palmos de entulho amoroso, ou te corra para os braços e te peça permissão para embarcar numa nova viagem. 

- Não sei que fazer. Juro que não sei que fazer…

A minha amiga:

- Consegues imaginar uma vida inteira ao lado dela?

Eu, de sobrolho em riste, a pensar nos prós e nos contras da questão.

- As montanhas-russas também cansam…Por muito que quisesse não te conseguia imaginar ao meu lado durante uma vida inteira. Todos precisamos de estabilidade. Um dia a euforia esgota-se, a excitação torna-se em cansaço e a vertigem torna-se demasiado grande para ser suportada. Todos precisamos de um pouco de estabilidade. Todos precisamos de um factor de equilíbrio. É irónico o amor. Nem sempre aquilo que desejamos é aquilo que nos faz bem. Nem sempre aquilo que nos fascina é aquilo que nos faz ficar.

- As montanhas-russas também cansam, e eu estou cansado.

O coração é irónico, tem-me dado o cérebro para equilibrar. Não sei se ainda te amo, ou se tenho saudades de te amar.»

11 de setembro de 2013

30 de agosto de 2013

«Contraindo os lábios, esforço-me por parecer imune ao seu toque. Ele é tão hábil a distrair-me de qualquer coisa dolorosa, de qualquer coisa sobre a qual não queira falar. E tu deixa-lo, acrescenta o meu subconsciente sem ser minimamente útil (...)»

26 de junho de 2013


Todos os dias. Há dois anos.

4 de abril de 2013

«Um professor diante da sua turma de filosofia, sem dizer uma palavra, pegou num frasco grande e vazio de maionese e começou a enchê-lo com bolas de golfe. A seguir perguntou aos estudantes se o frasco estava cheio. Todos estiveram de acordo em dizer que 'sim'. O professor pegou então numa caixa de fósforos e vazou-a dentro do frasco de maionese. Os fósforos preencheram os espaços vazios entre as bolas de golfe. O professor voltou a perguntar aos alunos se o frasco estava cheio, e eles voltaram a responder que 'Sim'. Logo, o professor pegou numa caixa de areia e vazou-a dentro do frasco. Obviamente que a areia encheu todos os espaços vazios e o professor questionou novamente se o frasco estava cheio. Os alunos responderam-lhe com um 'Sim' retumbante. O professor em seguida adicionou duas chávenas de café ao conteúdo do frasco e preencheu todos os espaços vazios entre a areia. Os estudantes riram-se nesta ocasião. Quando os risos terminaram, o professor comentou: 'Quero que percebam que este frasco é a vida. As bolas de golfe são as coisas importantes, a família, os filhos, a saúde, a alegria, os amigos, as coisas que vos apaixonam. São coisas que mesmo que perdêssemos tudo o resto, a nossa vida ainda estaria cheia. Os fósforos são outras coisas importantes, como o trabalho, a casa, o carro, etc. A areia é tudo o resto, as pequenas coisas. Se primeiro colocamos a areia no frasco, não haverá espaço para os fósforos, nem para as bolas de golfe. O mesmo ocorre com a vida. Se gastamos todo o nosso tempo e energia nas coisas pequenas, nunca teremos lugar para as coisas que realmente são importantes. Presta atenção às coisas que realmente importam. Estabelece as tuas prioridades, e o resto é só areia.'. Um dos estudantes levantou a mão e perguntou 'Então e o que representa o café?'. O professor sorriu e disse: 'Ainda bem que perguntas! Isso é só para lhes mostrar que por mais ocupada que a vossa vida possa parecer, sempre há lugar para tomar um café com um amigo'.»

27 de março de 2013

«E agora, no momento eterno e irrepetível que sempre antecede os nossos reencontros, só mais um passo nos separa. Mas já não oiço nada, as suas mãos, a sua boca, tudo o que ele é, está aqui, junto do meu corpo e em cima dele, por todo o lado, inundando-me de êxtase, prazer e, de uma forma qualquer, de amor. O Miguel está aqui, o Miguel, o meu Miguel. Repito, baixinho, acertando o ritmo das sílabas com o pulsar do meu coração. Mi-guel. Mi-guel. Miguel. É engraçado como amamos o nome daqueles que amamos.»

17 de fevereiro de 2013

«Desviei os olhos para o piano. Raios, se tivesse ficado de bico calado, teríamos feito amor em cima do piano. Ou melhor, fodido; teríamos fodido em cima do piano. Bom, eu teria feito amor. A ideia pesava-me tristemente sobre a cabeça e o que restava do meu coração. Ele nunca fizera amor contigo, pois não? Para ele sempre fora foder.»